ORIGEM DA TRADUÇÃO
Lutero foi o primeiro a traduzir a Bíblia. Ele tinha o objetivo de levar o texto bíblico às camadas da população que não liam o latim. Isso, na época,
foi considerado uma “heresia”.
Traduzir é a maneira mais atenta de ler, é quando se pensa e repensa
sobre as palavras, se busca interpretá-las e substituí-las. Traduzir é, pois,
um ato hermenêutico. “Hermenêutica” vem do grego e é uma remissão a Hermes, que
era considerado o mensageiro dos deuses. A palavra “hermenêutica” tem
como sentido original
a busca da
mensagem de Deus.
E, naquela época, entendia-se que a palavra divina
deveria ser aceita, mas não interpretada. Não era permitido aos católicos
tentar explicar o que Deus quis dizer. Por isso Lutero foi condenado. As idéias
dele acabaram por provocar a
“Reforma”, como ficou conhecida a ruptura da Igreja Católica em varias Igrejas
cristãs.
Mais ou menos no
mesmo período da Reforma, ocorreram as grandes navegações. Os espanhóis
descobriram a América, e necessitaram de intérpretes para comunicar-se com os
índios. Assim, desenvolveram a prática de raptar jovens entre as tribos e
forçá-los ao convívio com os europeus
ate que aprendessem
o idioma. Naturalmente,
a “confiança”, que
e um elemento fundamental para a realização da
comunicação, não se estabeleceu nem de um lado nem de outro. Os europeus “desconfiavam” dos
interpretes, porque, afinal, eles
eram índios. Os índios, por sua vez, viam na figura do interprete uma voz
contaminada pelo contato com o europeu. A “neutralidade” e um elemento
fundamental para a credibilidade da tradução. Na conquista do território que
hoje é o México houve um episódio que ilustra bem essa questão. Uma asteca
chamada Malinche (que era de origem nobre, mas foi dada como escrava) conviveu
entre vários grupos que habitavam aquela região e aprendeu vários idiomas
indígenas. Quando chegou o conquistador Hernán Cortez, ela serviu de intérprete
para as mensagens que os espanhóis traziam de uma nova religião e de domínio.
Ela tornou-se amante de Cortez e teve com ele um filho. Cortez foi o
responsável pelo massacre dos indígenas na península de Yucatan. O nome
“Malinche” entre os mexicanos e ate hoje sinônimo de “traidora”. Essa
importante personagem histórica é representada como uma mulher de duas caras e duas
palavras.
A sina de
Malinche retrata o preconceito com que se viu, ao longo dos séculos, o trabalho
do tradutor. Um importante filosofo chamado Ortega y Gasset popularizou o
aforisma “traduttore traditore”
(literalmente: tradutor traidor),
pois via no
ato de traducao
sempre uma traicao
a mensagem original. No período de consolidação dos Estados Nacionais,
embora as traduções tenham sido amplamente empregadas para dar base ao projeto
de construções de identidades, tinha-se a visão de que a língua era o reflexo
do caráter de um povo. E caráter é intraduzível.
Nesse período
tiveram voz vários filósofos que defendiam a intraduzibilidade de forma absoluta. Eles até sabiam que as
traduções aconteciam, mas acreditavam que o texto traduzido era como um reflexo
na água ou apenas um eco da mensagem do original.
Oi Soraya! Você se importa em compartilhar as fontes desse post?
ResponderExcluirGrata :)